Dispepsia Funcional: sintomas e tratamento

O que é Dispepsia Funcional

Você acabou de fazer uma refeição simples, nada de exageros e, logo após, começa a sentir um desconforto no estômago como se tivesse comido muito mais.

Uma sensação de peso, queimação, arrotos ou simplesmente um mal-estar que parece não ter explicação e que já vem acontecendo com certa frequência.

Está passando por essa situação?

Acredita que pode ser gastrite ou refluxo?

No entanto, pode não ser nada disso!

Muitas das vezes é uma condição chamada de Dispepsia funcional.

Embora o nome pareça complicado, essa é uma condição muito mais comum do que você imagina.

Agora, qual o grande problema?

Por ser geralmente confundida com outras doenças, o tratamento acaba não sendo realizado da forma adequada.

O que é Dispepsia Funcional?

Para ficar mais fácil, imagine que seu sistema digestivo é como uma fábrica.

Quando você come, o alimento passa por várias “máquinas” e processos até ser digerido e absorvido.

Numa situação normal, tudo flui como deveria.

Mas, em quem tem dispepsia funcional, algo nesse sistema não está funcionando muito bem.

A fábrica está ali, as máquinas estão inteiras, mas, por algum motivo, o processo é ineficiente.

Muitos pacientes chegam a clínica com queixas do tipo: “meu estômago pesa”, “eu arroto demais”, ou “qualquer coisa que eu como parece ficar parado no meu estômago”.

Esses sintomas descrevem perfeitamente o que é viver com dispepsia funcional – você não vê nada de errado nos exames, mas sabe que algo está “estranho” com o seu estômago.

Estômago e Dispepsia Funcional

O estômago é uma espécie de “batedeira”, o qual armazena e mistura os alimentos com os sucos gástricos, colaborando assim com a digestão.  

No caso da dispepsia funcional, essa “batedeira” não está funcionando adequadamente.

E o resultado disso?

A comida parece demorar a ser processada, deixando você com aquela sensação de que está “cheio”, mesmo que tenha comido só um pouquinho.

Não é à toa que muitas pessoas com dispepsia funcional, acabam desenvolvendo uma certa aversão às refeições.

A dispepsia funcional não é uma doença fatal, mas compromete bastante a qualidade de vida quando não tratada.

As Causas da Dispepsia Funcional

Ao contrário de doenças como úlceras ou gastrites, na dispepsia funciona não existem alterações visíveis no estômago ou em outros órgãos do sistema digestivo.

Isso significa que, mesmo após realizar exames como a endoscopia, tudo parece normal, porém, os sintomas persistem.

Então, o que está realmente acontecendo?

A resposta está no funcionamento, ou melhor, no mau funcionamento do estômago e na comunicação inadequada entre o cérebro e sistema digestivo.

Há diversos fatores que podem causar essa disfunção, e todos eles são parte de um intrincado quebra-cabeças que precisa ser desvendado.

Alterações na Motilidade Gástrica

O estômago tem um papel crucial no processo digestivo: ele “quebra” os alimentos e os move em direção ao intestino para que possam ser plenamente digeridos e absorvidos.

No entanto, em pessoas com dispepsia funcional, essa motilidade pode estar comprometida.

O estômago, por alguma razão, não consegue fazer esse movimento corretamente, seja por estar “lento” demais ou pela presença de espasmos, dificultando a passagem do bolo alimentar para o intestino delgado.

Lembra da batedeira?  É como se ela estivesse desregulada, ou batendo na velocidade errada, resultando em uma sensação de peso e inchaço logo após as refeições.

Sensibilidade Aumentada no Estômago

A “resposta exagerada do estômago” à estímulos normais, como a presença de comida,  é mais um fator contribuinte para o surgimento da dispepsia funcional.

Pense comigo: em uma pessoa sem dispepsia funcional, o estômago envia sinais normais ao cérebro, indicando que a digestão está ocorrendo de maneira adequada.

Agora, naqueles indivíduos que sofrem com esssa condição, o estômago manda um “sinal de alarme” ao cérebro, como se algo estivesse errado, gerando desconforto.

Na prática, o cérebro interpreta um processo de digestão comum, como se fosse uma ameaça.

O Eixo Gut-Brain

Agora, vamos ao ponto mais fascinante para entender a dispepsia funcional: o eixo gut-brain, ou eixo intestino-cérebro.

Pode parecer estranho o que vou te dizer, mas saiba que o intestino e o cérebro estão em constante comunicação, trocando sinais que regulam o apetite, a digestão e até mesmo as emoções.

Esse eixo é como uma estrada de duas mãos.

O que acontece no intestino pode influenciar o cérebro, e o que ocorre no cérebro pode impactar diretamente o sistema digestivo.

No caso da dispepsia funcional, essa comunicação pode estar “desregulada”.

Por exemplo, situações de estresse ou ansiedade podem ativar áreas do cérebro que estão ligadas ao sistema digestivo, alterando a forma como o estômago processa os alimentos.

Já percebeu que em momentos de nervosismo, você sente o estômago “embrulhado”?

Isso é o eixo gut-brain em ação.

Em quem sofre de dispepsia funcional, essa conexão é ainda mais sensível, mostrando que fatores emocionais têm um impacto direto no funcionamento do estômago.

Principais sintomas da dispepsia funcional

Busque ajuda médica especializada, caso os sinais e sintomas abaixo estejam tirando o seu sossego

  • Sensação de estômago cheio, mesmo comendo pequenas porções.
  • Arrotos constantes, que, embora tragam um breve alívio, logo voltam.
  • Queimação ou dor na região superior do abdômen.
  • Náusea ou mal estar geral após as refeições.
  • Estufamento abdominal que parece não ter fim.

Esses sintomas podem ser facilmente confundidos com outras condições, como refluxo, gastrite, hipocloridria, SIBO, SII e até mesmo intolerâncias alimentares.

Como Tratar a Dispepsia Funcional?

O seu sistema digestivo está um tanto quanto confuso.

A cada refeição, por mais simples que seja, o desconforto vem à tona.

É nesse ponto, que entramos em um terreno onde a alimentação se torna uma verdadeira aliada.

Pequenas mudanças, como refeições menores e mais frequentes, podem ser o segredo que você estava procurando.

Já pensou nisso!

Evitar alimentos como frituras, álcool, gorduras e cafeína, que muitas vezes são os vilões do seu desconforto, pode atenuar os sintomas.

Além disso, incluir mais fibras na dieta, pode ser o ponto de virada para melhorar a digestão de uma vez por todas.

Mas, vamos ser sinceros.

Sabemos que não é só a comida que está em jogo.

O estresse, aquele companheiro insistente, também tem uma grande participação no processo.

A boa notícia, é que o controle do estresse por mais clichê que pareça, é uma peça-chave nessa história.

Técnicas de relaxamento, meditação e exercícios de respiração não apenas aliviam a mente, mas também podem aliviar seu estômago.

E claro, em muitos dos casos, é necessário ir além dessas mudanças no estilo de vida.

Suplementos e medicamentos podem entrar em cena e costumam ser poderosos aliados, quando bem indicados.

No entanto, o verdadeiro diferencial está no acompanhamento constante

Aqui é onde o meu trabalho realmente faz a diferença.

O acompanhamento médico especializado permite que o tratamento não seja apenas eficaz, mas profundamente personalizado.

Ir além do óbvio.

Cada detalhe importa, e é exatamente isso que torna o resultado surpreendente e único.

Agora, me conta, você está pronto para descobrir o que realmente funciona para o seu corpo?

Dr Luiz Gustavo Solano

Dr. Gustavo Solano

CRM 106353 SP / RQE 55075 CRM SP

Médico especialista em Clínica Médica e Nutrologia, palestrante e diretor da Clínica Solano