O que é terapia de reposição hormonal feminina?
A terapia de reposição hormonal ( TRH ) na mulher, é um tratamento que tem como objetivo restaurar os níveis hormonais, e assim, aliviar, ou até mesmo, acabar com os sintomas da menopausa. A TRH na mulher pode ser feita para outras situações e em outras circunstâncias
Quais os benefícios da terapia de reposição hormonal feminina?
Assunto polêmico, a terapia de reposição hormonal feminina é rodeada de dúvidas, principalmente depois do estudo realizado em 2002 pelo Women’s Health Initiative e financiado pelo governo americano.
Essa pesquisa mostrou o aumento do número de câncer de mama e doenças vasculares, em mulheres menopausadas que estavam fazendo reposição hormonal com estrógenos equinos e progestinas sintéticas. Substância química parecida com a progesterona, mas não idêntica.
Porém, na última década, estamos notando grandes esforços da medicina tradicional na tentativa de interpretar adequadamente os dados apresentados.
A Universidade de Yale, nos Estados Unidos, entrou no debate, assim como outras associações e entidades médicas. Em uma análise desta Universidade, observaram-se fortes evidências do papel das “progestinas sintéticas” no desenvolvimento das doenças neoplásicas.
A princípio, o risco de câncer de mama não estaria ligado a reposição hormonal,mas, ao tipo de hormônio utilizado para esta finalidade.
Outro achado, que corrobora essa hipótese, é que segundo os pesquisadores, entre 20 e 90 mil mulheres submetidas a cirurgia para retirada dos ovários, e que se tornaram menopausadas, poderiam ter morrido precocemente devido a falta de reposição hormonal.
O levantamento da Univ. de Yale não está sozinho nesses achados. Recente análise com 27 estudos, revelou redução de 28% da mortalidade em mulheres na menopausa, submetidas a reposição hormonal, além de ganhos expressivos em qualidade de vida.
Embora não seja totalmente isenta de riscos, a TRH continua a ser a melhor solução para amenizar os sintomas da menopausa, além de ser muito eficaz na prevenção da osteoporose e na redução do risco de doenças cardiovasculares e neurodegenerativas.
Como é feita a reposição de hormônios na mulher ?
A TRH pode ser feita de várias maneiras:
- TRH combinada: quando existe associação de estrogênios com progesterona e, em algumas situações inclusive com testosterona, a qual chamamos de terapia de reposição hormonal tripla
- TRH apenas com estrogênio, principalmente o estradiol
O que é menopausa e qual sua relação com a terapia de reposição hormonal feminina?
A menopausa é um acontecimento natural e importante para todas as mulheres, onde há interrupção dos ciclos ovulatórios e ausência da produção de hormônios pelos ovários.
A menopausa refere-se a última menstruação da mulher e, geralmente acontece entre os 47 e 52 anos, mas alguns sintomas já podem ser notados até 5 a 7 anos antes, período este chamado de pré-menopausa.
Após a última menstruação, a mulher entra na pós-menopausa, momento onde os sinais e sintomas se tornam bem evidentes e muitas vezes comprometem a qualidade de vida da mulher.
Principais sintomas da menopausa
- Fogachos: ondas de calor, intermitentes, principalmente em tronco e cabeça, que duram em média 2 a 4 minutos, podendo aparecer várias vezes ao dia
- Ganho de peso
- Diminuição da libido
- Secura vaginal
- Perda da memória
- Pele seca e queda de cabelo
- Osteoporose
- Alterações do humor
- Sintomas depressivos
- Distúrbios do sono
- Perda de energia e vigor físico
- Perda de massa magra
Veja também: Como envelhecer saudável?
Quem não fazer terapia de reposição hormonal feminina?
Embora os benefícios da terapia de reposição hormonal feminina já estejam bem documentados, nem todas as mulheres podem ser submetidas a este tipo de abordagem. Exponho abaixo algumas contra indicações ao uso de hormônios na mulher:
- Sangramento vaginal de causa desconhecida
- CA mama ou de útero
- Doença hepática ou renal
- Episódios de tromboembolismo prévios
- Hipertensão arterial descontrolada
- Diabetes descompensado
- História familiar de câncer de mama ou endométrio, miomas, endometriose e tabagismo podem ser consideradas contra indicações relativas, devendo ser discutidas com seu médico.
É fundamental salientar que é imprescindível a avaliação médica adequada para cada caso.
Qual a melhor forma de administração da terapia de reposição hormonal feminina?
Os estudos vêm mostrando que a chance de eventos tromboembólicos é maior com a administração oral, ao invés da forma tópica. A melhor opção, segundo estudos recentes, parece ser o uso do estrogênio natural bioidêntico, na forma de creme, aplicado sobre a pele, na dose e horários recomendados pelo seu médico.
A testosterona bioidêntica e a progesterona natural são outros hormônios, que também podem ser utilizados em conjunto com os estrogênios, principalmente nas mulheres que possuem útero e naquelas com resultados insatisfatórios com o estrógeno e com queixas persistentes de redução da libido.
As mulheres de hoje tem acesso a hormônios de excelente qualidade para um tratamento adequado.
Veja também: Como repor estrogênio?
Como tratar a menopausa de forma natural? É possível realizar reposição hormonal natural?
Bom, sabendo que a menopausa traz uma série de comprometimento nada desejáveis para o organismo feminino, nós médicos, devemos oferecer o que há de melhor para nossos pacientes.
Como algumas mulheres não podem fazer terapia de reposição hormonal, várias orientações tornam-se necessárias e podem amenizar e até mesmo acabar com o sintomas relacionados à menopausa
- Aposte numa alimentação rica em cálcio, magnésio, antioxidantes e ômega 3. Não deixe faltar na sua casa os peixes, linhaça, oleaginosas, ovos, azeite, frango, vegetais verde escuros, açafrão, sementes e frutas de baixo índice glicêmico. Evite ao máximo o açúcar e controle o peso.
- Consuma chá verde com mais frequência, parece haver uma redução maior do risco de câncer de mama com ingestão diária de 250 a 500ml de chá verde
- Dose sua vitamina D periodicamente. Estudos mostram que níveis adequados de vitamina D podem reduzir a chance de desenvolver CA de mama
- Valorize alimentos ricos em triptofano, eles tem o poder de aumentar os níveis de serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem estar e prazer. Ex aveia, ricota e legumes.
- Exercite-se regularmente. Recomenda-se pelo menos 150 minutos de atividade por semana. Fale com um educador físico, ele te ajudará a programar o tipo de exercício mais adequado para o seu caso.
- Diminua a ingestão de café, ou então substitua pelo descafeinado.
- Aumente a ingestão de água. Faça um cálculo fácil, multiplique seu peso por 0,04 e saiba o quanto de água em litros você deve beber todos os dias.
- Pare de fumar urgentemente.
- Durma bem. Sabemos que isto não é fácil nos dias de hoje, mas o primeiro passo a dar é procurar ajuda. O médico nutrólogo pode ajudá-la a melhorar sua qualidade do sono.
- Experimente a meditação e o yoga. Os resultados podem ser surpreendentes
- Uma série de fitoterápicos e determinadas medicações (não hormonais) podem ser prescritos pelo médico para colaborar diretamente com o tratamento. Existem boas opções, seguras e eficazes.
O acompanhamento multidisciplinar é importante e quem sai ganhando com isso é o paciente. Clique no botão do WhatsApp e agende uma consulta!
Dr Luiz Gustavo Solano
CRM 106353 I RQE 55075
Atendimentos em Ribeirão Preto e Franca
Referências
Henderson BE, Paganini-Hill A, Ross PK. Decreased mortality in users of estrogen replacement therapy. Arch Intern Med
Brian WW. Estrogen replacement and heart disease. Clin Obstet Gynecol
Haarbo J, Marslew U, Gotfredsen A, Christiansen C. Postmenopausal hormone replacement therapy prevents central distribution of body fat after menopause. Metabolism
Baker VL. Alternatives to oral estrogen replacement. Transdermal patches, percutaneous gels, vaginal creams and rings, implants, other methods of delivery. Obstet Gynecol Clin North Am.
Green tea polyphenol epigallocatechin-3-gallate (EGCG) as adjuvant in cancer therapy. Clin Nutr. 201
The role of estrogen and androgen receptors in bone health and disease – Nat. Rev. Endocrinol 2013
Plasma 25-Hydroxyvitamin D and Risk of Breast Cancer in Women Followed over 20 Years. Cancer Res. 2016 Sep.
The mortality toll of estrogen avoidance: an analysis of excess deaths among hysterectomized women aged 50 to 59 years. Am J Public Health. 2013 Sep.
